PERNAMBUCO: O ÚLTIMO DOS MOICANOS.

Está tudo errado

POSTADO ÀS 09:09 EM 23 DE Janeiro DE 2012

Fotos: Guga Matos/JC Imagem/ (infelizmente)Arquivo

Por Daniel Guedes

Nunca escrevi um texto de opinião aqui no Blog. Preferia - e prefiro - usar este espaço apenas na minha função de repórter. Mas esta segunda-feira é um daqueles dias que você entra na internet e não aguenta. É impossível não perguntar: o que é que está acontecendo no mundo? Não tem como a gente não parar, nem que seja por um minuto, para descarregar tanta informação chocante que tem nos açoitado desde a semana passada.

Esse flashback começa com o diálogo absurdo entre o senhor da Capitania dos Portos italiana e o capitão do navio que naufragou, passa por cenas absurdas da atuação brutal da polícia contra estudantes no Recife e famílias inteiras em São José dos Campos, no interior de São Paulo, que pela minha pouca idade só conhecia de filmes que retratavam os Anos de Chumbo, e termina - ao menos por enquanto - com a notícia da morte de seu Lucas, o taxista do Fusca laranja.

Nunca andei naquele fusquinha, mas era fã dele. Conheci aquela figura na noite do meu aniversário no ano passado, quando uma amiga, como uma Cinderela na carruagem-abóbora, chegou de maneira triunfal à Rua Mamede Simões, aquela, que um dia já teve alguma graça na noite.

Apesar de ele ser uma figura antiga nas ruas do Recife, não sabia quem era e, se os jornais já o conheciam, só no ano passado começaram a dar atenção a ele (ou então só passei a perceber as matérias sobre ele e seu táxi em 2011).


Era engraçado porque toda vez que lia algo sobre ele, seja no Jornal do Commercio, seja no Diario de Pernambuco (ambos fizeram matérias muito bonitas sobre seu Lucas), me apegava a Amaro Bernardo da Silva, como está registrado na carteira de motorista. Sabe aquelas pessoas que você gosta de graça, sem nem conhecer? Seu Lucas era uma delas.

Quando entro no Facebook hoje de manhã, qual a primeira notícia que leio? Seu Lucas foi assassinado a facadas na Macaxeira!  O taxímetro estava ligado, o que nos leva a crer que o "ser" que o matou era um passageiro.

Ele estava no carro que tanto amava. Talvez isso sirva de consolo. Mas é um consolo passageiro pelo simples fato de que não tem mais volta.

E será que tem solução?

Acho que todo mundo tem que parar e pensar um pouco. E todo mundo inclui  quem manda e desmanda, quem tem o "poder".  Me inclui. E inclui você. Acredito que vale a reflexão: tem alguma coisa errada. Não dá para ficar parado, olhando.

PS: Daniel Guedes tem 25 anos e é repórter do Blog de Jamildo

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